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@Acontece: Alfredo Coelho, também conhecido por ZaZa, como surgiu essa “alcunha”?

Alfredo Coelho: Zaza…(risos)…Eu tinha um grupo de amigos, e formamos um grupo de hip-hop, então nós tínhamos de arranjar nomes artísticos, e o nome Zaza vem de um personagem do filme “O Padrinho”, número três, que tem um personagem chamado “Joe Zaza”. Alguns amigos meus chamam-me de Joe, e a maior parte de Zaza. Depois, quando comecei a dar festas, festas de casa com contribuição entre amigos e colegas de escola, enviávamos “sms”, na altura não havia “androids”, decidi assinar o meu nome como Zaza Inc. Acabei registrando a marca, esta que as pessoas conhecem. Fiquei com a alcunha Zaza, e a empresa também se chama Zaza…é um pacote completo praticamente.

@Acontece: Quando começou com a ideia de idealizar e realizar eventos?

Alfredo Coelho: Comecei a idealizar eventos, na altura em que estava na escola secundária. Começou como uma brincadeira. Nas férias, em Junho/Julho, Dezembro também, amigos do Colégio Kitabu, Escola Portuguesa, começamos a juntar pessoas, em minha casa, sendo que antigamente era com K7, nem Cds existiam…tínhamos o falecido DJ Paura, e convidávamos amigos também para tocar. Fazíamos contribuições para comprar sumos Pilivi, pipocas, etc…Notamos que as pessoas pediam mais. Gostavam das festas, sempre que entravam de férias estavam á espera de alguma festa. Então pensámos “porque não cobrarmos mas para contribuição para as festas?” Portanto, nas primeiras cheias houve uma angariação de fundos, ali onde agora é o Colégio Nyamunda, eu é que ajudei na mesma, trouxe um grupo de pessoas para ajudar, cobramos a entrada e a partir dai foi sempre a subir (risos).

@Acontece: Que dificuldades passou no início, e como conseguiu superá-las?

Alfredo Coelho: No início, não tínhamos espaços, a maioria das discotecas estavam fechadas, procurávamos espaços onde já tivesse equipamento, material a funcionar, mas na altura não havia. Já tinha havido antes, mas quando começámos o negócio, não sei porquê, estava quase tudo fechado. No entanto, íamos falando com pessoas, como o Chitara, o Mandito, que estavam a começar a comprar equipamentos para alugar, dai começámos a trabalhar juntos…

Outra dificuldade foi o profissionalizar as coisas, havia falta de muita coisa. Na altura não havia quase nada, mas não encarávamos como problema, nós sempre arranjávamos soluções, e sempre motivados…Patrocínios não havia, o número de pessoas ia aumentando, os custos iam aumentando…Haviam ideias, muitas ideias, muitas coisas que eu queria fazer, e às vezes até fazia festas, onde a própria festa pagava por si. Tirava uma margem, mas com o objetivo mais tarde de poder mostrar o meu CV e ter parceiros para reduzir os meus custos, nunca foi só por lucro, mas para fazer eventos que as pessoas gostassem, e o próprio evento desse para cobrir o ano todo. Eu sempre fiz festas temáticas, todas as minhas festas sempre foram temáticas, sempre tentei mudar de local, nunca tive medo de arriscar. Quando pensavam que não era possível, nós mostrávamos que era possível.

Bati muitas portas, tentava, uns diziam que não, mas eu não desistia…Houveram muitas dificuldades, mas para superar foi a paixão por isto, eu gosto de fazer eventos e como se diz “quem corre por gosto, não se cansa”.

@Acontece: Qual foi o maior evento que alguma vez organizou?

Alfredo Coelho: O maior evento foi o “O Pandemónio, White Edition”, que foi no “Coconuts”…Eu tinha parado de dar eventos, estava na Suécia a viver e já não vinha cá a um ano, e comecei a organizar de lá, chegando cá dois dias antes da festa. Este evento foi muito, muito bonito…

@Acontece: Tem algum evento em breve?

Alfredo Coelho: Tenho, tenho. Fiz um na semana passada, mas não pus nas redes sociais, foi um evento meio privado, entre aspas, mas é uma estratégia minha de posicionar o evento…não que eu faça eventos que não publicite, mas este ano quero fazer eventos com comunicação mais direta. Hoje em dia eu acho que, facebook, whatsapp, as redes sociais, bombardeiam-te com muitos eventos…eu diria que a estratégia é mesmo os convites, o “fruto proibido é o mais apetecido” (risos).

@Acontece: Como iniciar uma carreira em produtor de eventos? Algum requisito em especial?

Alfredo Coelho: Bem, a primeira coisa que eu diria à pessoa é ter paixão por aquilo que vai fazer e ter muitos amigos, ser um ser social, pois no negócio tens de ser uma pessoa com boas relações públicas, tens de ser uma pessoa que sabe o que está a acontecer….Segundo, ver o que falta, ver o que falta para ti, o que tu gostarias que houvesse em uma noite, se vais sair à noite tens de ver o que não gostas, então reúnes amigos que sentem a mesma coisa, a falta da mesma coisa, pode ser um estilo de música, um cenário…dai criar o teu próprio ambiente.

Muita gente, hoje em dia, entra neste negócio para aparecer, mas acho que deviam entrar pela paixão, e o resto é ir aprendendo, com experiencia, arriscar. Um conselho que posso dar é a pessoa ir experimentar, se cair levantar, não abandonar o barco, uma derrota não significa o fim. Quando acreditas em uma coisa, experimenta.


@Acontece: Que frase ou motivação lhe leva a continuar a investir nesta área?

Alfredo Coelho: Não desistir, continuar. Não fazer empréstimos e individuar-se…primeiro cria a tua base de dados, cria o teu nome. Hoje em dia muitas pessoas pedem dinheiro ao pai para pagar DJ, e acha que ter um DJ famoso está garantido. Não. Faz os cálculos também, se trouxeres um DJ de fora tens de ver as passagens, a alimentação, a publicidade, o câmbio do dia, muita coisa...Nós temos muitos DJs nacionais, devemos apoiar o produto nacional. Com preço que um DJ de fora cobra, eu monto uma festa inteira, com ainda quatro ou cinco DJs nacionais…

Vai devagar, não dês passos grandes, não vás com “muita sede à fonte”.